Bruna e a Galinha d'Angola
Texto do livro
Bruna era uma menina
que se sentia muito sozinha. Quando estava muito triste ia para casa de sua avó
Nanã, que chegara de um país muito distante, e pedia-lhe para contar-lhe histórias
de sua terra natal.
Uma que ela gostava
muito era a do panó da galinha que sua avó trouxera da África. Ela sempre
começava assim:
“Conta a lenda de minha
aldeia africana que Òsún era uma menina que se sentia só. Para lhe fazer
companhia resolveu criar o que ela chamava de “o seu povo”. Foi assim que
surgiu Conquém, ou melhor, a galinha d’Angola deste panó.
Certa noite, Bruna
sonhou com a Conquém descendo por uma corrente de ouro. Ela era muito
engraçada, porque trazia uma bolsa pendurada e, com suas patinha, espalhava terra,
que caía do céu, na terra.
Bruna ficou tão
contente com o sonho que pediu a seu tio, que era um bom oleiro, que a ensinasse
a trabalhar com barro. Foi assim que Bruna modelou a galinha d’Angola Conquém.
E passou a brincar com ela. Assim não se sentia tão sozinha.
No dia de seu
aniversário, Bruna, como de costume, foi à casa de sua avó. Grande surpresa a
esperava no quintal: era uma bela galinha d’Angola que andava e gritava:
- Conquém! Conquém!
Era igualzinha à
Conquém de seu sonho, toda pretinha e cheia de pintinhas brancas.
Bruna correu para sua
avó e esta lhe disse:
- Bruna, esta é a sua
nova amiga, igualzinha à da história de Òsúm. Mandei vir para você.
Agora você não precisa mais perguntar “Com quem vou brincar?” Você acaba de ganhar uma Conquém de verdade.
Agora você não precisa mais perguntar “Com quem vou brincar?” Você acaba de ganhar uma Conquém de verdade.
Bruna
vivia muito feliz com sua galinha d’Angola, que a seguia por toda a aldeia.
Enquanto ela fazia suas galinhas de barro, Conquém ciscava por perto.
Para sua
grande surpresa, as outras meninas da aldeiam que não brincavam com Bruna,
foram se aproximando e pedindo à ela que as deixasse também brincar com a
Conquém. Foi assim que Bruna arranjou muitas amigas. Não só brincavam com ela e
a Conquém, como, juntas aprendiam a fazer vasilhas de barro e muitas galinhas
igualzinhas à Conquém.
Quando
as meninas ficavam cansadas, Bruna dançava com elas, imitando a galinha d’Ángola
e cantava um canção que ouvia sua avó cantar quando contava a história de Òsun.
“-Com
quem eu vou brincar?
Me sinto
tão sozinha!
Não
fique triste menina,
Siga a
Conquém, que novas amigas você fará!”
Certo dia a Conquém ciscou muito num terreno próximo à
aldeia. As meninas que estavam com ela perceberam que ela puxava, com o seu
bicom alguma coisa e viram que era um botão muito bonito.
Mais na frente ela
ciscou e achou um carretel, que as meinas ajudaram a desenterrar, logo depois,
achou um anel. Mas a maior surpresa foi quando perceberam que a Conquém batia
com o bico numa tampa de metal.
Bruna e suas amigas resolveram ajudar a galinha e
descobriram um baú, igualzinho ao do quarto de sua avó. Com grande esforço,
elas o desenterraram e resolveram levá-lo para a a casa dela. Quando a vó Nanã
o viu, gritou cheia de alegria:
-Meu Deus! Vocês acharam o meu baú, que os carregadores
perderam quando me mudei para esta aldeia.
As meninas, surpresas, viram a avó de Bruna abrir o baú
e retirar dele um grande panô, parecido com a da história de Òsún, só que este,
além da Conquém, tinha um pombo e um lagarto. Bruna esperou que sua avó se
acalmasse e perguntou-lhe:
-Vó, por que a Conquém esta junto com o pombo e o
lagarto neste panô?
- Bruna, minha querida, conta a lenda da minha aldeia
africana que estes foram os animais que vieram ajudar a Conquém na criação do
mundo e de meu povo. Conquém espalhou a terra quando desceu do céu para a
Terra, o lagarto desceu para ver se a terra estava firme e o pombo foi avisar
aos outros animais que já podiam descer para habitar naquele lugar. Esta é a
história da criação do mundo que minha avó já me contava enquanto eu pintava
panôs como este.
Bruna e suas amigas, depois da descoberta do baú,
ficaram muito conhecidas, porque todos se juntavam na casa avó de Bruna para
verem e ouvirem a história do pano que as meninas encontraram.
Sua avó, muito contente, resolveu ensinar as meninas e pintarem tecidos, como os que ela fazia na África.
Isso fez com que a aldeia de Bruna ficasse
conhecida.
Foi assim que todas as pessoas da aldeia de Bruna
decidiram torna-la mais bonita e pintaram suas casas com as cores dos panôs da
galinha d’Angola.
Um dia a Conquém sumiu e todas as meninas saíram a
sua procura chamando:
- Conquém, onde você está?
- Com quem nós vamos brincar?
Tanto procuraram, que a acharam bem escondidinha no
mato. As meninas foram atrás dela e viram um ninho com um belo voo que ela
protegia e chocava.
Tempos depois, cada menina da aldeia tinha sua
galinha d’Angola.
E até hoje, o povo daquela aldeia conta a história
de Bruna e da galinha d’Angola para aqueles que compram os belos tecidos
pintados pelas meninas.
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